ACNE: 9 QUESTÕES SOBRE PREVENÇÃO E TENDÊNCIAS EM TRATAMENTO DA PELE ACNEICA

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Acne é o nome de uma dermatose, popularmente reconhecida pelo aparecimento dos chamados “cravos” e “espinhas” na face, nas costas ou no peito.  Trata-se de uma doença de pele que afeta o folículo pilossebáceo, formado por uma glândula sebácea e por um “canal” no qual se forma o pelo. A doença aparece quando este folículo é obstruído ao mesmo tempo em que a glândula sebácea produz oleosidade em excesso. Mas, existe uma idade certa para este problema aparecer?

O dermatologista Dr. Luís Torezan (CRM-SP 72624), diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e  Doutorando do departamento de Dermatologia do Hospital das Clínicas-FMUSP relata que a acne é mais freqüente na puberdade, por isso, é conhecida por acne vulgar. “Este é um mal que acomete ambos os sexos. Existem outras formas de acne que podem aparecer desde a infância precoce (acne infantil) até em indivíduos adultos, por causa de distúrbios hormonais, por medicamentos de uso constante, entre outros fatores desencadeantes”.

De acordo com o especialista não existe perfil epidemiológico universal da acne. “Aceita-se o fato de que sua prevalência varie entre 35% e 90% nos adolescentes, com incidência de 79% a 95% entre os adolescentes ocidentais e  pode chegar a 100% em ambos os sexos. Em geral, observa- se que a acne acomete 95% dos meninos e 83% das meninas com 16 anos de idade”.

Para entender o desenvolvimento da acne e os tratamentos mais indicados, entrevistamos o Dr. Luis Torezan que dá detalhes de como prevenir e cuidar da pele com acne. Acompanhe!

1- Existem algumas diferenças entre cravo, acne e comedões?
Sim. A Acne afeta os poros por onde saem os pelos (folículos pilo-sebáceos)
e é causada por uma hiperatividade das glândulas sebáceas causada por
estimulação hormonal.  O aumento da produção de sebo leva à obstrução dos
folículos pilosos que gera o cravo (nome vulgar dado ao comedão), isso causa
a sua inflamação levando à formação das erupções próprias da acne, que num
grau mais intenso forma pequenos nódulos inflamados e avermelhados.
2- Até que ponto os fatores psicológicos afetam o aparecimento da acne, como estresse?
O que ocorre realmente é um processo de hiperqueratinização do aparelho pilossebáceo, com formação de comedões, pústulas e cistos. Fatores psicológicos e estresse podem aumentar a gravidade do quadro através de escoriações, infecção secundária por outros microorganismos e formação de cicatrizes. Alguns autores relatam que no estresse, há maior secreção sebácea secundária em função do aumento de cortisol, um hormônio que afeta o funcionamento do organismo quando é produzido em excesso.

3- Existe alguma diferença nos fatores de desencadeiam a acne no adolescente e na pessoa adulta?
Sim. A acne do adolescente é a acne vulgar, descrita acima com maior acometimento da face e tronco antero-posterior. Pústulas e comedões são presentes e oleosidade excessiva também. No adulto, devem ser pesquisados distúrbios hormonais, acne por medicamentos, cosméticos e acne ocupacional, ou seja, decorrente de fatores ligados ao trabalho do paciente.

4- Quais os principais tratamentos de uso oral, tópico e com  laser ou outra tecnologia da atualidade?
Os tratamentos variam de acordo com a gravidade do quadro. Em geral, acne leve ou grau I beneficiam-se de sabonete com enxofre e ácido salicílico em sua formulação, loções adstringentes e tretinoina tópica e seus derivados, como adapaleno gel. Estas substâncias diminuem a secreção de sebo e regularizam a queratinização folicular. No caso de grau II, onde já ocorrem as pústulas, a associação com antibióticos tópicos – clindamicina, eritromicina, peróxido de benzoíla – é usada e pode ou não ser associada à tretinoina tópica. Antibioticoterapia sistêmica com tetraciclina e seus derivados também podem ser ministrados nesta fase, para auxiliar no controle da acne. Outros como azitromicina, trimetoprim-sulfametoxazol, eritromicina e doxiciclina também podem ser usados.

Nas acnes mais severas, alem dos tópicos já mencionados, faz-se o uso, sempre que possível, da Isotretinoina oral. A sua ingestão é bastante controlada, não devendo ser empregada para mulheres em idade fértil e gestantes, lactantes, pacientes hepatopatas, hiperssensibilidade a droga, pacientes com hipertrigliceridemia e/ou colesterolemia e antecedentes pessoais de depressão, embora os estudos epidemiológicos não tenham revelado associação. Neste estágio mais avançado da acne, o acompanhamento médico torna-se indispensável devido à gravidade do processo inflamatório.

Tratamentos com fontes de luz como LED, em 400 nm, podem atenuar os efeitos inflamatórios da acne, porem é um método paliativo. Terapia Fotodinâmica com ALA ou MAL pode ser empregada no caso de acne severa ou grau II, quando não há resposta ao tratamento convencional ou impossibilidade de uso de isotretinoina oral. Já o uso de lasers como PDL, que opera em 595 nm, e Luz Intensa Pulsada, associado ao vácuo para extração do comedão, podem ser usados igualmente, porém os resultados também são temporários. Estas novas terapêuticas podem ser combinadas com os tratamentos tópicos e orais ou uma opção para tratar os pacientes resistentes aos tratamentos convencionais ou que não possam fazer uso das medicações.

5- Por que a acne pode deixar manchas ou cicatrizes na pele e quais os tratamentos para removê-las?
Manchas podem ocorrer mesmo sem retirá-las e são conseqüência da hiperpigmentação pós-inflamatória (hip) da acne grau II a IV. Manipulação excessiva também aumenta a chance de hiperpigmentação. As cicatrizes fazem parte dos graus mais severos e são mais intensas nos homens. Durante a fase de resolução, ocorrem traves fibróticas que elevam ou deprimem a área acometida. Várias classificações são aceitas e uma das mais empregadas é a classificação de Kadunc et al e Goodman et al. Os tratamentos da hip são feitos com despigmentantes tópicos (hidroquinona, Ácido Kojico, Arbutin, etc) associados ou não à tretinoina. Peelings químicos superficiais podem oferecer clareamento também.

As cicatrizes devem ser abordadas de acordo com o tipo. Procedimentos mais invasivos como dermabrasão, peelings médios e profundos, lasers não ablativos 1550 nm ou 1540 nm e lasers ablativos de CO2, Er:YAG, Er: YSGG oferecem resultados bastante animadores. Porém, as indicações devem ser precisas uma vez que alguns tipos de cicatriz não melhoram com nenhuma das modalidades disponíveis.

6- Existe alguma forma de prevenir ou minimizar o desenvolvimento da acne tanto entre os adolescentes quanto em adultos?
A melhor forma de prevenção é a limpeza e higiene facial, tratamento precoce em casos de acne severa familiar e orientação quanto à não manipulação e uso de cosméticos corretivos adequados para não gerar mais acne cosmética.

7- Quais os efeitos do verão, mais calor e sol, na pele acneica? Ajuda a minimizar ou a piorar em função do aumento da oleosidade?
Calor e sol excessivos geram acne solar ou agravam acne vulgar, em geral. O efeito do UV leve sobre a pele pode até melhorar a acne inflamatória, porém deve ser enfatizado que se trata de exposição leve e não prolongada.

8- A pessoa com pele acneica deve escolher qual tipo de protetor solar?
Este tipo de pele requer o uso de filtro solar em gel aquoso, gel creme ou loção oil-free, de preferência. A aplicação de gel alcoólico pode irritar a pele, pois os pacientes já estão em uso de formulações com tretinoina, o que deixa a pele mais sensível. Filtros mais elevados, em geral, são mais propensos a agravarem a acne. O melhor é consultar um dermatologista que irá indicar o melhor protetor para pacientes com acne.

9- Quais os cuidados diários com este tipo de pele?
Os cuidados básicos ajudam bastante. A limpeza com sabonete e/ou loção adstringente auxilia no controle da oleosidade. Géis hidratantes e/ou composições oil-free com Ácido Salicílico em concentrações baixas também colaboram no controle da oleosidade, assim como uniformização da textura da pele. No entanto, o correto, é sempre ter a orientação de um dermatologista.

 

Fonte.: SBCD

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